BULLYING E A INTOLERÂNCIA:
EXTRAPOLANDO OS MUROS DA ESCOLA
Prof Carmelito Alcunha -Co-participação
Profª: Adalgiza O. S. Figueiredo.- 2010
.
Introdução
Você sabe o que é bullying/cyberbullying? Bullying
é uma discriminação, promovida por alguns cidadãos/ãs contra uma única pessoa. O termo é recente e
ainda não entrou definitivamente no vocabulário português. Mas
não é uma coisa simples, que se pode vencer de um dia para o outro. Bullying
é um mal que se carrega durante um período da vida muitíssimo grande. Quando
alguém diz que seu cabelo está estranho, você provavelmente vai correndo para o
espelho mais próximo para se arrumar. Agora imagina duas, três, dez pessoas,
todo o dia, todo instante falando mal do seu cabelo, de coisas que você não tem
culpa por ter ou muitas vezes por não ser.
Isso seria completamente insuportável, quero dizer, sua alta estima fica
lá embaixo, e os malvados causadores do bullying seriam considerados pelo seu
grupo de convívio os heróis. O que você faria? Se mataria? Se isolaria? Ou
partia para vingança? Conforme os noticiários existem adolescentes que se
suicidam, mas não com a idéia de que a vida delas é uma droga, e, sim, de
que “eu vou morrer porque sou feia/o” e tudo que eles dizem é verdade. Bullying
não é nada bom, e se você conhece alguém que sofre com isso, ajude-o. Pois você
se beneficiará com uma nova amizade ou quem sabe salvando uma vida.
A gravidade que esse padrão de comportamento apresenta
está longe de ser “inocente normal”. Trata-se, na verdade, de um distúrbio que
se caracteriza por agressões físicas e morais repetitivas, levando a vítima ao
isolamento, à queda do rendimento escolar, a alterações emocionais e à
depressão.
Justificativa:
Tudo começa com a observação da “pele”, que se torna a
vítima de um agressor ou de um bando de agressores: “O assédio moral e físico é
intenso, deixando a vítima constrangida e assustada. Pesquisas em países como a
Austrália mostram que o bullying pode levar a altos níveis de ansiedade, a
estresse, à depressão e até mesmo à automutilação. Algumas pessoas praticantes
do bullying hoje já foram vítimas no passado”. É preciso olhar com atenção tanto
para a vítima quanto para o agressor.
Gozação, agressão, ofensa e
humilhação... O que para muitos era “normal”, coisa de criança e de adolescente
é, na verdade, bullying – palavra em inglês que é usada com o sentido de zoar,
gozar, tiranizar, ameaçar, intimidar, humilhar, isolar, perseguir, ignorar,
ofender, bater, ferir, discriminar e colocar apelidos maldosos.
Segundo a pesquisa realizada pelo Ibope,
encomendada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância
e à Adolescência (Abrapia), organização não-governamental, dos 5.482 alunos de
5ª a 8ª série de 11 escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro que foram
ouvidos na pesquisa, mais de 40,5 % admitem ter praticado ou ter sido vítimas
de bullying.
Diante desses dados negativos significativos e
incidências de distúrbio de comportamento e atitude (bullying) na vida
cotidiana de nosso alunado, tomamos iniciativa juntos à direção e coordenação
pedagógica desta escola em elaborar e aplicar o projeto em pauta para fazer com
que os/as alunos/as tomem conhecimento do assunto e os/as mantém informados/as
de suas conseqüências e causas.
Com esta proposta pedagógica extraclasse
(conforme cronograma em anexo), todo o corpo docente e discente terá a
oportunidade de discutir com aceitabilidade e sabedoria essa problemática de
discriminação presente nas várias formas de relação: tanto administrativa,
pedagógica, social, cultural e étnica, uma vez que essa atitude comportamental
é própria do/a aluno/a.
Objetivo
geral:
Oportunizar aos profissionais da educação, alunos/as,
pais/mães, conhecimento específico sobre as formas desse distúrbio
comportamental entre jovens escolares em suas relações sociais e no tratamento
ao/a outro/as.
Bullying: brincadeira sem graça
Bullying, ou violência moral, é um problema que sempre esteve
presente nas escolas e ultimamente tem sido fonte de preocupação de pais e
professores do mundo inteiro. Estima-se que em todos os países do mundo cerca
de 5% a 35% de crianças e jovens em idade escolar estejam envolvidas, de alguma
forma, com atos de violência moral nas escolas.
Apelidos
como "rolha de poço", "baleia", "quatro olhos" e
atitudes como chutes, empurrões e puxões de cabelo são comportamentos típicos
de alunos em sala de aula. Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos
agressivos, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e
que caracterizam o chamado fenômeno bullying. Sem equivalente na língua
portuguesa, bullying é um termo inglês utilizado para designar a prática desses
atos agressivos. Segundo
o Diretor-Geral do Maxi, Virgílio Tomasetti Júnior, apesar de não existir uma
tradução exata para a palavra bullying, ela seria aproximadamente o mesmo que
atenazar ou, no popular, atazanar: “Mas, é claro que esporadicamente
algumas crianças fazem brincadeiras inofensivas e se utilizam de palavras e
comportamentos não adequados durante suas brincadeiras e isto nem sempre pode
ser caracterizado como bullying. Este deve conter uma vítima e um agressor,
apresentando sinais característicos para identificá-los, e é preciso avaliar a
intensidade e o significado dessas atitudes. A observação constante e a
parceria entre escola e família são cruciais para a eliminação de tais
comportamentos.
Nenhuma escola pode
ignorar tal ocorrência, comumente perceptível em seus domínios. Cabe à escola
coibir atitudes agressivas, protegendo tanto os agressores quanto os agredidos.
De fato, ambos, agressores e agredidos, apresentam problemas psicológicos que,
casos não tratados, podem explodir desastrosamente, como mostra o documentário
de Michael Moore, ‘Tiros em Columbine’, ou então o filme ‘Elefante’, que trata
este tema”.
Tomasetti explica:
tudo começa com a com os diferentes pigmentos da “pele”, que se torna a vítima
de um agressor ou de um bando de agressores: “O assédio moral físico é intenso,
deixando a vítima constrangida e assustada”.
Pesquisas em países
como a Austrália mostram que o bullying pode levar a altos níveis de ansiedade,
a estresse, à depressão e até mesmo a automutilação. As
conseqüências são: o isolamento, a queda do rendimento escolar, baixa
auto-estima, depressão e pensamentos negativos de vingança.
Além disso,
é preciso olhar com atenção tanto para a vítima quando para o agressor.
Pesquisas mostram que algumas das pessoas praticantes do bullying hoje já foram
vítimas no passado”.
Para Ana Tomás Almeida, da
Universidade do Minho, em Portugal, e membro da Conferência Européia do Combate
ao Bullying, o fenômeno, antes mal conhecido e muitas vezes menosprezado pelos
adultos, como se fosse coisa de criança, não se limita a conflitos ocasionais
ou esporádicos entre alunos: “São situações reiteradas que geram mal-estar
psicológico e afetam a segurança, o rendimento e a freqüência escolar”,
conclui.
O primeiro grande passo para pais e educadores é
encorajar as vítimas de bullying a denunciar seus agressores. Atualmente, uma
das dificuldades para identificar casos de violência moral ou bullying é que a
vítima costuma sofrer em silêncio, com medo de represália dos colegas caso
conte o que acontece para algum adulto.
Uma pesquisa feita em Portugal com 7.000
estudantes mostrou que aproximadamente um em cada cinco alunos (22%) entre seis
(6) e dezesseis (16) anos já foram vítimas de violência moral na escola. A
pesquisa mostrou também que os locais mais comuns de ocorrência dos maus-tratos
são: o pátio da escola, a quadra esportiva, o intervalo (recreio), seguido dos
corredores, banheiros e até mesmo em sala de aula e com uma agravante, os/as
profissionais não interferem na problemática por: medo, alienação ou falta de
compromisso profissional em manter uma disciplina aceitável no ambiente de
intermediação pedagógica (sala de aula). Estudos
mundiais revelam que, de 5% a 35% dos alunos estão envolvidos nesse tipo de
comportamento. No Brasil, alguns estudos demonstraram que esses índices chegam
a 49%.
É
hora de denunciar
Por meio da
observação e discussão sobre o comportamento dos/as alunos/as individualmente,
os professores/as podem identificar os alvos e os agressores. As vítimas são
alunos/as frágeis, que se sentem desiguais ou prejudicados e dificilmente solicitam
ajuda. Eles podem demonstrar desinteresse, medo ou falta de estímulo de ir à
escola, apresentar alterações no rendimento escolar, dispersão ou notas baixas.
Além disso, pode ter sintomas de depressão, perda de sono e pesadelos.
Normalmente são apelidados, são ofendidos, humilhados, discriminados,
excluídos, perseguidos, agredidos fisicamente e moralmente, podem ter seus
pertences roubados, quebrados ou escondidos.
Os
agressores normalmente acham que todos devem fazer suas vontades e foram
acostumados, por uma educação equivocada, a ser o centro das atenções. São
crianças inseguras, que sofrem ou sofreram algum tipo de agressão por parte de
adultos. Na realidade, eles repetem um comportamento aprendido de autoridade e
pressão. Tanto as vítimas, quanto os agressores necessitam de auxílio e orientação.
Os demais alunos são os observadores da violência. Eles convivem com ela e se
calam ou são ignorados em suas observações por pais e professores. Temem
tornarem-se alvos e podem sentir-se incomodados e inseguros.
A escola tem criado um espaço para que os/as
alunos/as denunciem esse tipo de agressão, de chacota, de ofensa ou de
humilhação.
A violência moral já é objeto de preocupação nos
países europeus. Na maioria deles, há normas do Ministério da Educação que
obrigam a escola discutir para evitar o bullying/cyberbullying. Em todo o
mundo, especialistas concordam que o papel dos pais, tanto dos agressores
quanto dos agredidos, é fundamental para combater a violência moral nas
escolas. Eles precisam saber lidar com a situação. As agressões físicas ou
morais não podem ser consideradas normais,
principalmente quando as vítimas se sentem humilhadas ou desprezadas.
Por
que o bullying é praticado?
1) Obter força e poder;
2) Conquistar popularidade na escola;
3) Esconder o próprio medo, amedrontando aos demais;
4) Tornar outras pessoas infelizes, já que ele próprio é
infeliz;
5) Vitimar outras pessoas por ter sido vítima de alguém no
passado.
Que
as vítimas devem fazer?
1)
Evitar a companhia de quem pratica o bullying ou cyberbullying dos chamados “carrascos”;
2)
Jamais falar com o agressor sozinho. É mais seguro falar com ele perto de
outras pessoas;
3)
Não responder às provocações;
4)
Não manter a agressão em
segredo. Não se deixar intimidar. Relatar os fatos aos/as
professores/as, coordenadores/as, diretores/as, funcionários/as ou
responsáveis.
Cyberbullying: fenômeno sem rosto
A
tecnologia começa a ser usada para ameaçar, humilhar ou intimidar. Os técnicos
defendem ações de sensibilização para esta nova realidade, que ainda é pouco
abordada dentro de casa e da escola.
Bullying como atos premeditados e repetidos de
violência física ou psicológica, praticados para intimidar ou agredir alguém,
começa lentamente a entrar nos ouvidos da opinião pública. Cyberbullying
permanece na penumbra, num território que só é desvendado quando se pesquisa
sobre a matéria ou quando essa prática bate à porta. No cyberbullying o
agressor recorre à tecnologia para ameaçar, humilhar ou intimidar alguém
através da multiplicidade de ferramentas da nova era digital. Redes sociais da
Internet, sites de partilha de fotos, imagens de celular, gravações MP3, têm
servido para desvirtuar a realidade pondo em causa a intimidade e a reputação.
Em Portugal, também há jovens que são vítimas de cyberbullying. Vivem
aterrorizados que os colegas da escola descubram as mentiras fabricadas, têm
medo de contar o que estão a viver. E, na maioria dos casos, o agressor
esconde-se sob a capa do anonimato.
Os
casos são reais e foram relatadas por quem recebeu os pedidos de ajuda ou
recolhidos na comunicação social. Uma jovem de 16 anos com largas centenas de
contactos no Hi5 foi, de repente, confrontada com constantes telefonemas. Veio
a descobrir que as suas fotos se mantinham intactas, só que acompanhadas de
mensagens descontextualizadas de libidos sexuais. Os textos terminavam com o
seu número de celular. A jovem vivia aterrorizada que os colegas da escola
descobrissem esse falso perfil, tratado por alguém que desconhecia, mas que
tinha acesso ao seu contacto pessoal. Um fórum pornográfico foi utilizado por
um aluno para fazer comentários insultuosos a uma professora. A docente viu a
terra fugir-lhe debaixo dos pés. Vivia com medo que os seus alunos e colegas de
profissão deparassem com as informações totalmente deturpadas sobre si.
A psicóloga Sílvia João, que estuda a área dos media
e a relação das crianças com a imagem, salienta que o cyberbullying
mexe com o sentimento de segurança e os níveis de ansiedade quando objetos
pessoais, como o celular ou o computador, são utilizados para ameaçar ou
intimidar. Esta sensação de não controle dos meios de tecnológicos com que se
lida diariamente pode ter sérias repercussões psicológicas e emocionais.
“É um fenômeno sem rosto”. E, por isso, torna-se complicado ir à origem,
chegar ao agressor. Sílvia João defende que os adolescentes devem estar
informados sobre o cyberbullying. "É necessário
explicar-lhes o que é ser vítima de um fenômeno desta natureza." Em seu
entender, devem ser feitas ações de prevenção e sensibilização
"aproveitando o contexto de instituições formais" como, por exemplo,
as escolas.
Relação
alunos e professores
O estudo "Violência na escola: vítimas, provocadores e outros",
realizado em Setembro de 2007, que analisou o comportamento dos jovens em idade
escolar para compreender os estilos de vida e hábitos ligados à saúde e ao
risco, deixaram algumas pistas. "Da totalidade dos jovens, 25,7% (1751)
revelaram estar envolvidos em comportamentos de violência na escola, ou como
vítimas (alvos de provocação), ou como provocadores (agentes da provocação) ou
duplamente envolvidos (simultaneamente vítimas e provocadores), mais do que
duas vezes no período letivo", concluem Margarida Gaspar de Matos e Susana
Fonseca Carvalhosa, as autoras da investigação feita no âmbito do Projeto
Aventura Social e Saúde. A pesquisa foi feita junto de 6903 jovens do 6.º, 8.º
e 10.º anos de escolaridade de escolas de todo o país, através de um
questionário. Os dados revelam que "os rapazes envolvem-se mais em atos de
violência na escola, quer como provocadores, quer como vítimas, quer com duplo
envolvimento. Este envolvimento em atos de violência parece ter um pico aos 13
anos, embora os mais novos (11 anos) se envolvam mais, enquanto vítimas".
As autoras concluem ainda que "os jovens que se envolvem em atos de
violência referem mais frequentemente ver televisão quatro ou mais horas por dia".
Como a Escola Estadual Onze de Março
procede para evitar que alunos e alunas pratiquem bullying e cyberbullying?
1) A EEOM trabalha com projetos que estão relacionados a
construção do caráter, moral, ética, cidadania, comportamento, além da sociabilidade
aceitável no convívio aceitável de alunos e alunas, evitando, dentro e fora da
escola (em suas imediações), ações de intimidação e de agressão a quem quer que
seja;
2) Na EEOM não permite que os alunos/as mais “fortes” intimidem os
mais “fracos”. Por isso desenvolveu espaços de convivência respeitosa, fraterna
e solidária;
3) Na EEOM, a queixa do aluno/a tem poder e atenção;
4) Na EEOM, a prática do bullying ou cyberbullying é inibida, pois
a escola está atenta com políticas de sensibilização e orientação,
(professores/as e funcionários/as) monitorando, acompanhando para prevenir e impedir que possíveis agressores
manifestem seu poder para com os demais alunos.
Conclusão
A escola como uma equipe deve criar regras de convivência
juntos ao alunado e discuti-las com a equipe pedagógica, buscando soluções e
respeitando as diferenças de cada um. Os pais devem ser ouvidos e orientados a
colocar limites claros de convivência e ajudar sempre que souberem de algum
problema - sem aumentar ou diminuir a informação recebida.
Quando identificado um autor e uma vítima, ambos devem ser
orientados. Seus pais devem ser alertados e estar cientes que seu filho,
agressor ou agredido, precisa de ajuda especializada. O comportamento dos pais
diante deste comunicado é muito importante, não se deve cobrar o revide, nem
intimidar ou agredir. Este é um momento de aprendizado para todos e mostrar
como controlar-se, manter a calma e evitar comportamentos de violência é
imprescindível.
Para evitar o bullying e cyberbullying: é essencial promover
a orientação, sensibilização e discussão a respeito do assunto junto aos
alunos/as e principalmente implementar políticas de aproximação da família à
escola. Nem toda briga ou discussão deve ser rotulada como bullying ou
cyberbullying, para não cairmos no extremo oposto, da tolerância zero, que não
vai permitir que estas crianças e jovens, que estão em fase de desenvolvimento,
aprendam a viver harmoniosamente em
grupo. A diferença entre um comportamento aceito e um abuso
às vezes é muito tênue e cada caso deve ser observado e analisado segundo sua
constância e gravidade.
Fonte de pesquisa
ww
w.educare.pt/educare/actualidade.noticia
Profª Ms Rosana Mª César Del Picchia de Araújo
Profª Ms Katia A. Kühn Chedid
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